Já sei! Ela vai estar lotada de coelhos e de chocolate. Mas eu estou empenhada em que as crianças do Pacto falem de cordeiros e de sangue.

A Páscoa-do-Mundo nem tem um significado, sabia? Dizem que coelhos e ovos significam vida/multiplicação. E é isso só. Já a Páscoa da Bíblia é sangrenta e dolorida, a princípio. Mesmo que, afinal, redunde em liberdade, ressurreição e vitória.
A Páscoa remonta aos tempos da escravidão do povo de Deus no Egito, que tinha durado mais de 400 anos. O povo clamou ao Senhor e Deus lhes enviou Moisés, a fim de libertá-lo da escravidão.
A “historinha” é tão conhecida, que não vou gastar meus poucos caracteres com ela. Vou me ater ao “sacrifício de sangue”. Sem ele, não haveria Páscoa. Nem tampouco hoje há.
Páscoa é morte, é sangue, sangue de cordeiro, Cordeiro de Deus. E Páscoa é também ressurreição, vitória do Cordeiro que foi morto, Cristo Jesus.


Você já sabe o que aconteceu. Houve dez pragas, porque faraó resistia à ordem de deixar os escravos sair do Egito. Antes da décima, então, Deus mostrou a Moisés o que estava para fazer, não só para livrar seu povo, mas para, antes de fazê-lo, derramar juízo sobre o Egito com seus inúmeros deuses de mentira.
Princípio: Deus é misericordioso, mas ele jamais inocenta o culpado. E ainda que tardio, o Seu juízo vem – e vem sem dó!
“- Moisés, cada família deverá preparar um cordeiro…!”. Esta foi a ordem do Senhor, seguida de detalhadas instruções.
Naquela noite, sacrificando um cordeiro para cada família, passando seu sangue na porta e se alimentando da sua carne, acompanhada de ervas amargas e pão sem fermento, devidamente vestidos e calçados para viagem, às pressas, os israelitas celebraram a Páscoa.
Era a noite da libertação. Estavam sob comando específico de Deus. Você consegue imaginar a adrenalina do povo durante aquela primeira Páscoa? – Eu consigo!⠀

Confira Êxodo 12. Até a escravidão, a libertação e o sucesso do povo rumo à terra prometida já tinham sido “avisados” por Deus (Gn 15.13, 14). O sacrifício de sangue esteve desde a Eternidade no propósito de Deus.
⠀
A palavra Páscoa, no hebraico, significa “passar por cima”. À meia noite, Deus “passou por cima” das casas cujas portas estavam marcadas com o sangue; e levou consigo o filho primogênito de cada família cuja casa não tinha sangue na porta.⠀
⠀
Resultado: quem creu e obedeceu foi salvo da morte pelo sangue do cordeiro. Naquela noite tenebrosa, debaixo do horror, do pranto e do luto dos egípcios, Israel saiu pelas portas da cidade com grandes riquezas, apressado e sem entender quase nada – exceto que o Deus que lhes prometera liberdade estava a cumprir Sua palavra.⠀
E aquele sangue que livrou Israel do faraó, da escravidão e do Egito é o mesmo que nos livra de Satanás, do pecado e do mundo. O sangue do Pacto.

E Deus estabeleceu como mandamento para Seu povo, a celebração da Páscoa. Seria um meio de se lembrarem do grande livramento que o Senhor promoveu no Egito, tirando-os da escravidão e do jugo do faraó, levando-os para a travessia do Mar Vermelho – o início da sua caminhada rumo à posse das promessas benditas de Deus a seus pais.⠀
⠀
Lá no futuro, na terra prometida, quando alguma criança perguntasse “que culto era esse”, os adultos deveriam responder: “Esta é a Páscoa do Senhor que, com mão poderosa, nos livrou da escravidão e nos deu essa terra que mana leite e mel, com o propósito de ser por nós adorado”.

Mandamento perpétuo, a ser celebrado pelo povo de Israel antes e depois da vinda de Jesus, o Cordeiro perfeito de Deus, que tira o pecado do mundo.⠀
Israel saiu do Egito.
Atravessaram eles o Mar Vermelho e rumaram até o Sinai, onde, dois anos após a sua saída triunfal, Deus ordenou celebrarem novamente a Páscoa (Nm 9) – e assim a cada ano.

Confira “a figura” com “a realidade”, em Cristo:

– O ano hebreu começava com a Páscoa. Sugestivo, não? (2 Co 5.17).

– A essência era a libertação. “Morte e saída do Egito”. (Ef 2.8-10; Tt 3.4, 5).
– Cordeiro macho e sem defeito. (Jo 1.29; Hb 4.15; 1 Pe 1.18-22; Ap 5.12).
– O efeito do sangue: salvação da ira de Deus. (Rm 5.9; Ef 1.7 e 2.13; 1 Pe 1.18, 19; Ap 1.5; At 20.28).
– Ossos não podiam ser quebrados. (Ex 12.46 + Jo 19.36).
– Com cada celebração, “se lembravam”. (1 Co 11).
– A circuncisão deveria preceder a Páscoa. (Ex 12.43-51 + Cl 2.11-13 + Ef 2.12-19).
O fato daquela maioria do povo de Israel ter celebrado a Páscoa durante todo aquele tempo, “sem discernimento”, deve nos advertir seriamente contra a prática religiosa deles, não seguida de fé, pelo que milhares de entre o povo pereceram no deserto e não herdaram as promessas do Senhor. (Leia Hebreus 2.3).
Cristão não celebra a Páscoa. O ritual foi substituído, no Novo Testamento, pelo sacramento da Ceia – o pão e o vinho, que simbolizam a morte do Senhor e que deve ser anunciada até que Ele volte (1 Co 11.26).⠀ Que nenhum de nós “participe da mesa” sem discernir o Corpo (a comunhão da Igreja), porque, por isso, também muitos ainda hoje estão morrendo (1 Co 11.29).⠀


Inúmeros textos do Velho Testamento apontam para Jesus Cristo, o verdadeiro Cordeiro, de quem foi vertido o verdadeiro sangue remidor, eficaz para o perdão de pecados, finalmente. Os profetas apontam Jesus como o Descendente da mulher que viria para esmagar a cabeça da serpente.⠀
Todo o Velho Testamento foi escrito para apontar Cristo E Sua obra perfeita. Há alegorias e tipos, profecias e festas, cerimônias e instituições, todos prefigurando o Cordeiro de Deus.⠀
⠀
Milhares de animais eram mortos em sacrifícios, porque eram ineficazes para “purificar” pecados. O sangue, no VT, servia para “cobrir” pecados – nunca para solucionar. Por isso a importância do sangue do Cordeiro-Messias, o Deus-Homem, que se sacrificou pelo Seu povo e ressurgiu para dar-lhe completa vida.⠀
⠀
Páscoa no Novo Testamento é a celebração da vitória de Cristo para promover a nossa libertação. Por um lado, Sua morte vicária. Por outro, Sua ressurreição ao terceiro dia, para dar nova vida a todo aquele que nEle crê. Contudo, não há um mandamento para celebrarmos essa festa. Há, sim, um sacramento instituído, pelo qual nos lembramos da morte de Jesus, até que Ele venha – o pão e o vinho, por ocasião da Santa Ceia.⠀

Devemos anunciar Cristo, não só nessa época! Que o façamos com ênfase, convicção e fé! Coma chocolates, mas sabendo que eles nada são. Cristo é!⠀
O que a Páscoa tem a ver com Jesus? – Tem tudo! Todos os rituais do Velho Testamento projetavam luz da morte e da ressurreição do Senhor.
Jesus veio ao mundo nos dias da Festa de TABERNÁCULOS (tabernaculou conosco). O Espírito Santo desceu no período de PENTECOSTES (habitou em nós). E Jesus, o perfeito Cordeiro de Deus, morreu durante a PÁSCOA (para propiciar nossos pecados).
Na semana da Páscoa em Jerusalém, o Senhor enviou Pedro e João a prepararem um cenáculo, onde cearia com Seus discípulos, pela última vez antes da Sua morte. Preparariam os elementos: um cordeiro assado, previamente morto no Templo, ervas amargas, pão sem fermento, dentre outros.
Por tantas vezes lemos Jesus dizendo “O meu tempo ainda não é chegado”, mas, agora, Suas palavras foram: “O meu tempo está próximo. Celebrarei a Páscoa!” (Mt 28.18). Seria essa a sua última noite com os discípulos e Ele escolheu passá-la celebrando a Festa que era o retrato vivo do que estava para se cumprir em Sua vida. Que refeição tão rica de significados seria aquela!

Ao contrário da pressa na primeira Páscoa, no Egito, essa foi pensada e desfrutada em detalhes. Havia um ritual. Acontecimentos se sucederiam. Jesus deu graças com o primeiro dos quatro cálices na mão.
Os discípulos discutiram quem deveria ser o maior entre eles. Jesus lavou os pés de todos, no ritual de purificação. Certamente cantaram. Jesus foi distribuindo os alimentos. Avisou sobre a iminente traição de Judas, que, metendo a mão no prato, saiu para cumprir seu papel. O que prova que nada, absolutamente, pega Deus de surpresa.
Ao distribuir Jesus o pão, Judas recebeu o seu. O que para os outros discípulos seria vida – o corpo de Cristo -, para ele foi maldição. Satanás entrou nele no momento em que comeu o pão. Já saiu possesso; e Satanás pensando que, finalmente, destruiria o Descendente da Mulher. Lego engano!

NAQUELA CERIMÔNIA, a última Páscoa na Velha Aliança, Jesus instituiu o sacramento da Nova Aliança – a Ceia do Senhor. Algo novo e maior tomava forma a partir dali, no significado das palavras de Jesus: “Isso é o meu Corpo… comei-o!… Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue… bebei dele todos… em memória de mim!”⠀
⠀
Imagine o impacto dessas palavras na mentalidade de quem abominava “comer sangue”! JESUS ESTAVA ENSINANDO a Seus discípulos sobre o significado teológico da Sua morte vicária. Ele não seria sacrificado pelas mãos de homens ímpios, como uma vítima da vontade deles. Pelo contrário; estava cumprindo o propósito soberano e eterno de Deus e morreria pelo Seu povo.⠀
⠀
Antes de sair a fim de ser traído no Monte, eles cantaram um hino (e provavelmente Jesus fez ali a sua famosa oração sacerdotal – João 17).⠀ ⠀
Cada Festa do Antigo Testamento encontra seu significado e cumprimento em Jesus. A Páscoa é o evento redentivo mais importante do Antigo Testamento e a crucificação de Jesus o evento redentivo central do Novo. Ambos estão completamente ligados!⠀

Na última Páscoa, Jesus instituiu uma nova ordenança e declarou que aquela ainda não foi a última Ceia. Você está surpreso? A última, Ele a celebrará no Reino, com todos os “benditos do Pai” (Mateus 28).⠀
Nossas crianças precisam saber a história da Páscoa, desde a primeira. No Egito, no deserto, no Tabernáculo, em Canaã, no Templo, nos dias de Jesus e após a Sua ascensão.⠀
⠀
O que é a Páscoa hoje? – Um cristão não deve celebrá-la como o mundo a celebra. Ela está “embutida” no pão e no vinho da Santa Ceia/Eucaristia. Para participar, antes, temos que ter passado pela “circuncisão”
(arrependimento/fé/batismo/obediência). No mais, tudo é ritual sem sentido.⠀
Nada contra comer chocolate, ou até ovos. Errado é pensar que Páscoa “é isso”.
Irene Costa.